Judicialização da Saúde no Brasil: Desafios Orçamentários e a Sustentabilidade do SUS
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2514Palavras-chave:
Direito à Saúde, Judicialização da Saúde, Sistema Único de Saúde, Sustentabilidade Financeira, ConitecResumo
O direito à saúde, assegurado pela Constituição Federal de 1988 como direito fundamental e social, enfrenta obstáculos de efetivação decorrentes de restrições orçamentárias e ineficiência da gestão pública. Este artigo analisa a regulamentação desse direito no Brasil, o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) e os impactos da judicialização, que frequentemente obriga o Estado a custear tratamentos de alto custo sem considerar critérios técnicos. São discutidos os princípios jurídicos que orientam a implementação do direito à saúde, com destaque para a atuação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec). Defende-se que a judicialização, embora necessária em casos excepcionais, não pode substituir políticas públicas estruturadas. Sustenta-se que o equilíbrio entre o direito individual e a sustentabilidade coletiva deve basear-se em avaliações de custo-efetividade e em maior cooperação interinstitucional (Conitec–CNJ–gestores). A pesquisa, de caráter qualitativo e fundamentada em revisão bibliográfica e documental, busca oferecer contribuições teóricas e práticas para a racionalização da saúde pública no Brasil.
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