Impactos da violência obstétrica na saúde da mulher e relação mãe-filho: revisão integrativa
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2606Palavras-chave:
Violência obstétrica, Saúde mental, Relações mãe-filhoResumo
A violência obstétrica é compreendida como toda ação ou omissão que cause danos físico, psicológico ou moral à mulher durante o processo gestacional, parto ou puerpério, configurando uma violação de direitos humanos e de gênero. Seus impactos ultrapassam o momento do parto, refletindo negativamente na saúde mental da mulher e na construção do vínculo afetivo com o bebê. Analisar as evidências disponíveis na literatura científica sobre os impactos da violência obstétrica na saúde mental e relação mãe-filho de mulheres vítimas. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que a partir da estratégia PICo definiu a pergunta norteadora: Quais os impactos da violência obstétrica na saúde mental e na relação mãe-filho de mulheres no período gestacional, parto e pós-parto vítimas de violência?. Foram selecionados artigos científicos nas bases de dados SciELO, LILACS e PubMed, utilizando os seguintes Descritores em Ciências da Saúde “Violência obstétrica”, “Trauma”, “Parto”, “Relação mãe-filho” e “Saúde mental”, cruzados com o operador booleano AND, sendo incluídos artigos científicos completos, disponíveis na íntegra, publicados em português ou inglês, entre os anos de 2019 a 2024. Foram excluídos artigos de opinião, editoriais, revisões e os que estavam duplicados nas bases de dados. A amostra final foi composta por seis artigos, sendo que todos os estudos evidenciaram os impactos da violência obstétrica na saúde mental da mulher, com o surgimento de sentimentos de medo, vergonha, impotência, ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Além disso, três estudos constataram que a violência obstétrica prejudica o estabelecimento do vínculo entre mãe e filho, comprometendo a sensibilidade materna, a responsividade nas interações, a amamentação e a formação de apego seguro, fatores essenciais para o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança. A violência obstétrica compromete a saúde mental da mulher e interfere diretamente na construção do vínculo mãe-filho, afetando a amamentação, a sensibilidade materna e o desenvolvimento emocional do bebê. Esses achados reforçam a necessidade de práticas obstétricas humanizadas, que promovam respeito, autonomia e acolhimento, bem como a implementação de políticas públicas e estratégias de suporte psicossocial para prevenir e minimizar os impactos negativos da violência obstétrica.
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