Quando o Meu Corpo Morre Antes de Mim: Compreensão Acerca do Enfrentamento da Finitude em Pacientes Oncológicos em Cuidados Paliativos Exclusivos
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2500Palavras-chave:
Cuidados paliativos, oncologia, estratégias de enfrentamento, espiritualidade, finitudeResumo
Este estudo buscou compreender os métodos de enfrentamento da finitude em pacientes oncológicos em cuidados paliativos exclusivos, investigando sua relação com a experiência da doença, a morte e os recursos subjetivos mobilizados. Trata-se de uma pesquisa de abordagem quali-quantitativa, realizada em um hospital público do Distrito Federal, entre maio e julho de 2025, com seis pacientes em terminalidade oncológica. Os dados foram coletados por meio de ficha sociodemográfica, aplicação do Inventário de Estratégias de Enfrentamento de Folkman e Lazarus (1988) e entrevistas semiestruturadas analisadas pela técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Os resultados indicaram que as principais estratégias de enfrentamento foram autocontrole, reavaliação positiva, aceitação da responsabilidade, afastamento e suporte social, enquanto confronto e fuga-esquiva foram menos frequentes. A análise qualitativa revelou cinco eixos centrais: fé, família e apoio social, sofrimento físico e emocional, resiliência e superação, e esperança. A fé destacou-se como recurso unânime de ressignificação da proximidade da morte, e o apoio familiar e social emergiu como essencial para a dignidade e conforto dos participantes. Os achados evidenciam que o enfrentamento do câncer em cuidados paliativos transcende a dimensão biomédica, integrando aspectos emocionais, sociais e espirituais. Conclui-se que espiritualidade, rede de apoio e resiliência constituem pilares fundamentais para a elaboração da finitude, reafirmando a necessidade de práticas multiprofissionais pautadas em uma abordagem biopsicosocioespiritual.
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