Anos potenciais de vida perdidos por neoplasias e a cobertura assistencial oncológica em Sergipe entre 2020 e 2023

Resumo

O aumento da expectativa de vida e o avanço dos métodos diagnósticos têm contribuído para a elevação da prevalência de doenças crônicas, como o câncer, causa de morte em ascensão no Brasil. O presente trabalho analisa a correlação entre os Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP) por neoplasias e a cobertura assistencial oncológica no estado de Sergipe, no período de 2020 a 2023. Trata-se de um estudo observacional, descritivo e quantitativo, baseado em dados secundários provenientes do DATASUS. Foram avaliados indicadores de incidência, mortalidade e assistência oncológica, com o cálculo dos APVP segundo idade, sexo e município, dispensando aprovação ética por se tratar de informações de domínio público. Os resultados evidenciaram 56.855,5 APVP por câncer em Sergipe, correspondendo a uma taxa média de 6,73 anos potenciais de vida perdidos para cada 1.000 habitantes, entre 2020 e 2023. A análise temporal demonstrou que 2023 apresentou os maiores valores, totalizando cerca de 15.653,5 APVP, seguido por 2020 (14.504 APVP), 2022 (13.552,5 APVP) e 2021 (13.145,5 APVP). Em relação às faixas etárias, os grupos de 50 a 59 anos e 40 a 49 anos foram os que mais contribuíram para o total de anos potenciais de vida perdidos, enquanto crianças e adolescentes apresentaram os menores valores. Observou-se ainda que o território sergipano experimentou um aumento dos APVP em paralelo à concentração dos principais polos de tratamento oncológico na capital, Aracaju. Assim, conclui-se que, mesmo diante da ampliação da cobertura assistencial, os indicadores de mortalidade precoce permanecem elevados, reforçando a necessidade de descentralizar os serviços oncológicos e de utilizar os APVP como ferramenta estratégica para o planejamento de políticas públicas que promovam maior equidade no cuidado.