Entre a universidade e a maternidade: desafios vivenciados por mulheres negras brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2662Palavras-chave:
Maternidade, Afrodescendente, Universidade, Mulher, RevisãoResumo
As transições desenvolvimentais vivenciadas por mulheres-mães são complexas e adquirem contornos ainda mais desafiadores no caso de estudantes universitárias negras. Este estudo teve como objetivo mapear e sintetizar as evidências científicas acerca dos desafios enfrentados por mulheres negras brasileiras na conciliação entre a maternidade e a vida universitária, tanto na graduação quanto na pós-graduação. Trata-se de uma revisão de escopo, realizada nas bases e bibliotecas Portal de Periódicos CAPES, Biblioteca Virtual em Saúde, Google Acadêmico, SciELO e repositórios acadêmicos de diversas universidades. A amostra final foi composta por 15 publicações que abordaram o tema, publicadas entre 2012 e 2021. A análise possibilitou a identificação de três categorias temáticas principais. A primeira refere-se aos sentimentos de discriminação racial, ausência de representatividade e falta de compreensão por parte de colegas e docentes. A segunda diz respeito à escassez de redes de apoio, à paternidade ineficiente e ao machismo presente nas relações conjugais. A terceira abrange as limitações de acesso a recursos financeiros, materiais, de transporte, informações e direitos. A conciliação entre maternidade e vida universitária para mulheres negras no Brasil é uma tarefa árdua e multifacetada, marcada pela sobreposição de papéis, restrições econômicas, redes de apoio insuficientes e discriminação institucional. Tais fatores comprometem a permanência e o sucesso acadêmico dessas mulheres, evidenciando a necessidade urgente de políticas públicas e iniciativas institucionais de apoio que reconheçam suas especificidades, promovam acolhimento e ampliem as oportunidades de permanência e conclusão da formação superior.
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