O Poder Bioativo do Mirtilo: Uma Revisão da Saúde Vascular e Cognitiva

Resumo

O mirtilo é amplamente reconhecido como um alimento funcional devido à sua alta concentração de compostos bioativos. Esta revisão sintetiza as evidências científicas atuais, com base em ensaios clínicos e meta-análises, sobre os efeitos e mecanismos de ação dos polifenóis do mirtilo, com foco principal nas antocianinas, na saúde humana. A literatura indica que os benefícios observados não são mediados apenas pelos compostos originais, mas sim pelos seus metabolitos (como ácidos fenólicos, incluindo ácido hipúrico) gerados pela microbiota intestinal e metabolismo de Fase II, que demonstram alta biodisponibilidade e estão correlacionados com os efeitos fisiológicos. A ação principal do mirtilo no corpo humano inclui uma melhoria robusta da saúde vascular através da otimização da função endotelial, medida pela Dilatação Mediada por Fluxo (FMD); um efeito que é mecanicamente atribuído à redução do estresse oxidativo e ao aumento da biodisponibilidade do óxido nítrico. No âmbito cognitivo, o consumo de mirtilo demonstra ações neuroprotetoras, melhorando significativamente a velocidade de processamento, a memória episódica e a função executiva, com benefícios particularmente notáveis em populações idosas, com declínio cognitivo leve, ou sob fadiga cognitiva. Além disso, o mirtilo exerce um papel significativo no controlo cardiometabólico, demonstrando atenuar as respostas de glicose e insulina pós-prandial e melhorar marcadores de longo prazo, como a HbA1c e os triglicerídeos, em populações de risco. Embora os efeitos sobre a pressão arterial e os lípidos em jejum (HDL/LDL) se mostrem por vezes inconsistentes entre os estudos, as evidências coletivas posicionam o mirtilo como uma intervenção dietética viável para mitigar o declínio vascular e cognitivo