Libras e dissidência: por uma linguística da diferença e contra o ouvintismo estrutural

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2664

Palavras-chave:

Dissidência, Linguística Aplicada Crítica, Filosofia da Diferença, Ouvintismo Estrutural, Decolonialidade

Resumo

O artigo discute a Libras como linguagem dissidente e prática epistemológica que tensiona os fundamentos da linguística tradicional e as hierarquias impostas pelo ouvintismo estrutural. Sustentado na Linguística Aplicada Crítica, na Filosofia da Diferença e nas Epistemologias Surdas e Decoloniais, o estudo compreende a linguagem como prática política e enunciativa que produz modos de existir e resistir. A Libras é analisada como território de insurgência teórica e ética, capaz de deslocar concepções fonocêntricas e reposicionar o sujeito surdo como produtor de conhecimento. Metodologicamente, a pesquisa adota uma abordagem qualitativa e interpretativa, ancorada na análise discursiva crítica de produções teóricas e culturais sobre a surdez e a diferença. O corpus é composto por textos e discursos que evidenciam os efeitos do ouvintismo na constituição dos saberes linguísticos e na construção de identidades surdas. Conclui-se que a Libras atua como linguagem de dissidência epistêmica, instaurando uma linguística da diferença que desloca a centralidade da voz e afirma outras formas de existência, significação e resistência.

 

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Biografia do Autor

Wolney Gomes Almeida, Universidade Estadual de Santa Cruz, Bahia, Brasil

Pós-doutor em Educação Especial pela Universidade do Minho, Portugal; Doutor em Educação, Especialista em Língua Brasileira de Sinais; Especialista em Ciências Neurológicas, Deficiências Múltiplas e Surdocegueira. Docente da Universidade Estadual de Santa Cruz. Lider do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva.

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Publicado

2025-11-14

Como Citar

ALMEIDA, W. G. Libras e dissidência: por uma linguística da diferença e contra o ouvintismo estrutural. Revista JRG de Estudos Acadêmicos , Brasil, São Paulo, v. 8, n. 19, p. e082664, 2025. DOI: 10.55892/jrg.v8i19.2664. Disponível em: https://www.revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/2664. Acesso em: 16 nov. 2025.

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