Negar a inteligência artificial hoje é como defender a máquina de escrever na era dos computadores
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i18.2259Palavras-chave:
resistência à inovação, inteligência artificial, cultura tecnológica, transformação educacionalResumo
Este estudo investigou as razões que explicam a resistência cultural e institucional à adoção da Inteligência Artificial (IA), utilizando como metáfora a defesa da máquina de escrever na era dos computadores, símbolo clássico da rejeição às inovações tecnológicas. A pergunta central buscou compreender em que medida as resistências atuais à IA repetem padrões históricos de rejeição à inovação. A pesquisa fundamentou-se em uma revisão integrativa e descritiva da literatura, nacional e internacional, que mapeou quatro grandes categorias de resistência: ameaça identitária, resistência organizacional, perda de competências humanas e barreiras ético-políticas. Os resultados indicam que a resistência à IA vai além de aspectos técnicos, enraizando-se em dimensões psicológicas, culturais e institucionais. A metáfora da máquina de escrever ilustra como novas tecnologias provocam tensões com práticas tradicionais em campos como a educação, o trabalho e a produção de conhecimento. Conclui-se que compreender essas resistências é essencial para o desenvolvimento de políticas educacionais e estratégias organizacionais mais conscientes e alinhadas aos desafios e oportunidades da IA.
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